quinta-feira, 28 de julho de 2011

sonho

flechas no coração do santo
chuva sobre cabeças ocas
morte repentina no seio da madrugada
bota pisando rosto indiferente
milagre na esquina de cá
tédio nos demais quarteirões
um regimento esperando a ordem
o momento que antecede o ato
o ato vazio de intenções
o medo animal
atravessa a nado vasta porção de mar
o mar propriamente dito
parado
nenhum movimento
nada
e de repente algo se levanta
um inseto medita
mãos vasculham espaços
regaços
traços
passos
um trator pelo acostamento
a moça de laranja pergunta algo a alguém
alguém a ignora
a moça de laranja manda um beijo
desejo que seja para mim
noto que o alvo é outro
um moço feio atrás de mim
pergunto a ele quem é ela
ele diz que também não sabe
digo a ele que ela é bela
ele sorri
os dentes amarelos
o desespero
inscrito em sua pele escura
a delicadeza de sua voz
os sons que não percebo

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